Dia da Instituição do Direito de Voto Feminino: uma conquista que nasceu da luta e segue inspirando resistência

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Celebrado em 3 de novembro, o Dia da Instituição do Direito de Voto Feminino marca um capítulo essencial na história das mulheres brasileiras — uma conquista que rompeu o silêncio imposto por séculos de exclusão política e abriu caminho para novas formas de participação e representatividade.

A luta pelo direito ao voto não foi simples nem imediata. Ela começou a ganhar força no início do século XX, impulsionada por mulheres como Bertha Lutz, bióloga e ativista que trouxe da França o ideal de emancipação feminina e fundou a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher, embrião da futura Federação pelo Progresso Feminino. Com coragem e persistência, Bertha e outras pioneiras enfrentaram o conservadorismo da época e pressionaram o Estado brasileiro a reconhecer o papel político das mulheres.

O reconhecimento oficial só veio em 1932, com o Código Eleitoral instituído durante o governo de Getúlio Vargas. O decreto 21.076 garantiu o direito ao voto feminino e criou a Justiça Eleitoralum marco histórico, mas que trazia limitações claras: o voto era facultativo para as mulheres e obrigatório apenas para os homens. Essa diferença jurídica refletia a lógica patriarcal que ainda subordinava a mulher à autoridade do marido e à esfera doméstica.

Mesmo assim, a conquista simbolizou um grande passo. O Brasil se tornou um dos primeiros países da América Latina a reconhecer o voto feminino, e histórias como a da professora Celina Guimarães, de Mossoró (RN) — primeira mulher a se alistar como eleitora — tornaram-se símbolos de resistência e pioneirismo.

A trajetória, no entanto, foi marcada por avanços lentos e contradições. A Constituição de 1934 manteve o voto facultativo para as mulheres, e apenas com a Constituição de 1946 o direito de votar e ser votada passou a valer plenamente e sem restrições. Até lá, o exercício da cidadania feminina seguia condicionado à renda, à profissão e, muitas vezes, à aprovação do marido.

Esse caminho mostra que o voto feminino, mais do que uma concessão legal, foi fruto de mobilização social, coragem e enfrentamento. As mulheres precisaram lutar para ocupar espaços de poder e disputar narrativas em uma sociedade que, historicamente, tentou limitar sua voz.

Hoje, quase um século depois, o Brasil ainda carrega as marcas dessa desigualdade: a sub-representação feminina nos cargos eletivos e a resistência das estruturas políticas ao protagonismo das mulheres são reflexos de uma exclusão que começou muito antes das urnas.

Por isso, neste 3 de novembro, o Sindicato dos Comerciários de Fortaleza e Região celebra a data reafirmando que a luta pela igualdade política e social das mulheres continua. Defender o direito de voto é também defender o direito de decidir, participar e transformar — dentro e fora das urnas. Que essa história inspire novas gerações de trabalhadoras a ocupar espaços, erguer suas vozes e seguir construindo uma democracia verdadeiramente inclusiva e popular.